Com 15 semanas, fomos fazer a primeira ultra morfológica. Eu nem
dormi na noite anterior, ansiosa com o que poderia aparecer no exame. De cara,
apareceu: sugestão de higroma cístico. Não sabia o que era mas a médica nos
informou que seria uma indicação de alguma síndrome. Pra completar, minha
placenta estava baixa, o que me fazia sangrar diariamente. Por fim, ela me deu
a notícia que eu mais queria ouvir: era uma menina. Disse ainda que achava
possível ser síndrome de turner.
Três semanas depois, fiz uma ultra pra ver a placenta, eu ainda
sangrava. O médico foi rápido e direto:
a prega nucal é aumentada, apresenta hipoplasia nasal (não conseguia medir o osso
nasal). A placenta ainda estava baixa.
Ok. Minha menina tinha indicações demais de que tinha de fato
alguma síndrome.
Uma noite, mesmo sem ter certeza, eu tive certeza. Vi uma cena no
aeroporto que foi meu sinal. Uma mãe que aparentava 40 e poucos anos, com dois
filhos quase adultos, o marido e uma menina de uns 5 anos, que tem down. Eles sentaram
do meu lado na lanchonete. A menina era fofa demais, pedia batata frita e
sorvete. Todo mundo da família paparicava ela, no maior amor.
Naquele momento, senti a necessidade de saber tudo sobre síndrome
de down. Foi meu estalo. Vendo aquela família, senti que eu
fazia parte daquilo, daquela cena que estava assistindo.
Ao voltar de viagem, comecei a contar pra família, pros amigos
mais chegados, da possibilidade dela ter alguma síndrome. As reações ficam pra
um outro post. Entrei numa busca por informações, blogs de pais, sites com informações
sobre o que esperar, como é, o que significa, o que fazer. Busquei informações
sobre down e turner mas minha intuição me fazia buscar mais informações sobre down.
Cada vez que eu buscava, rolava chororô de emoção. Entrei num
mundo cheio de amor e dedicação. Tantas histórias lindas de superação, tantas
mensagens positivas. A cada dia eu ficava mais segura, mais tranquila. Sim,
quem tem síndrome de down pode ser bem mais independente do que eu pensava... Sim,
vamos passar algumas dificuldades mas hoje temos muitos meios de lidar com cada
uma delas. Comecei uma verdadeira pesquisa sobre características e
comportamento de quem tem down. Muita coisa era completamente diferente do que
eu achava que sabia. Eu não sabia era de nada... sobre esse universo cheio
de amor entre pais e filhos.
Quando percebi, o assunto passou a ser natural pra mim. Em nada,
nada, nada, me causava dor, frustração... mas isso só aconteceu conforme eu ia
entrando nesse mundo de informações. Eu falava com todo mundo como se tivesse
certeza de que ela tinha down. Meu coração de mãe me dava essa certeza.
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