Eu sempre me irritei com o termo “pais especiais”. Se queremos ver todos como pessoas iguais,
direitos iguais e ao mesmo tempo diferentes em suas formas únicas de ser,
porque eu sou uma mãe especial?
Fui entregar coisas da Olívia para doação e a mulher me fala
que toda semana algumas “mães especiais” se reunem e será usado lá. E eu
pensando: me poupe... toda mãe e pai presentes são especiais...
Até essa semana, eu me irritava mesmo com esse papo de que
somos pais especiais. Eu sinto uma necessidade grande de encarar tudo
relacionado a deficiência da minha filha da forma mais natural possível. Quando estou num ambiente e começam a elogiar
ela pela esperteza e não percebem, quero logo dizer que ela tem down, sempre
dou um jeito de espalhar pro mundo que ela tem down e é feliz, ativa, leva uma vida super normal. Quero mostrar que
não há diferença. Queria que não nos olhassem como pais “diferentes”.
Quanto ao termo dos pais, eu me irritaVA... A partir de hoje
, não me irrito mais.
Esse sentimento de aceitação surgiu quando chegou a semana
de fazer um novo ecocardiograma nela. O CIV ela corrigiu com cirurgia, o outro
problema, precisamos acompanhar sempre. No último eco realizado há 4 meses,
apareceu uma insuficiência que pode evoluir ou não.
Pois então: lá estava eu, aliás, todos nós,aguardando esse
exame ansiosamente. E chegou o dia de fazer. Durante o caminho, dirigindo, fui
pensando: Senhor, quantos consultórios, quantos exames, quantas noites dormindo
de coração apertado. Quanta ansiedade. Quanta expectativa. E tudo sem calmante,
nem água com açúcar.
Sabemos que existem diversas crianças com doenças sérias e em tratamento nesse momento,
mas no caso de uma deficiência como o down, que pode trazer consigo um leque de
problemas de saúde, essa expectativa, esse monitoramento são constantes,
eternos.
Voltando ao exame, eu dirigia e só pedia a Deus, aos céus, a
tudo que é energia boa, que não tivesse evoluído. No exame identificamos que
não evoluiu, tudo sob controle. Saí do exame falando um termo que nunca uso: “Deus
no controle”. Acho que repeti isso umas cem vezes, de tão tão tão feliz que
fiquei.
Nesse momento entendi, ali no carro, no trânsito, porque
dizem que somos especiais.
Nosso amor não é maior. Amamos TODOS os nossos filhos com
todo o amor que couber em nosso coração.
Já nossas vitórias são um pouco diferentes sim.
Damos mais importância a coisas e momentos que para outros
são tão simples, rotineiros... comemoramos a evolução deles como se fosse algo
incrível, sensacional. Porque pra nós, é.
Passar por essa expectativa durante toda a vida e manter o
equilíbrio e a fé de que vai ficar tudo bem é para os fortes... alías, para os
fortes não. Para os ESPECIAIS.
Um beijo no coração de cada pai e mãe especial.
Sim, eu e o pai dela somos “pais especiais”. <3
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